segunda-feira, 30 de maio de 2011

Lusco-fusco

Esse completo desequilíbrio, complexo de nuances, de cores, flores, luzes, notas. Uma vontade insaciável de externar o corpo inteiro, num só refluxo. De roer com ácido o que há de mais puro e tímido.
Incinerar com gosto.
Com os dedos entrelaçar outras mãos, que firmes espremem minha pele contra o sólido. E em vultos rápidos, todo o quente e o frio a consumar-se na vastidão de dois poucos segundos intermináveis de olhares entremeando-se... Lusco-fusco.
Impossível deter criaturas de tal intensidade e vontade de ter, ser, estar.
Possuir todas as dores introduzidas no fundo de sujas e empoeiradas páginas. No oco das linhas tão bem preenchidas pelo amor. Por tudo. Pelas unhas cravadas na derme do outro. Pela cor de solar que perturba a janela e se faz passar por entre as cortinas e toca, de leve, quem dorme, esquecendo a tinta a escorrer gota a gota da caneta direto ao chão, agora manchado.
Que vida suja.
Que casa caótica.
Que falta de sustentação nas beiradas.
Que felicidade incabível.
Que fim.
E fim.

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