segunda-feira, 30 de maio de 2011

Incógnita

O sol subia pela muralha azul e límpida rabiscando traços alaranjados e quentes, enquanto lençóis conturbados entre as pernas roçavam os corpos grogues. Alguns lampejos de atos intensos da noite anterior chafurdavam-lhe os cérebros e lançavam um forte desejo de consumo.
                A consciência tinha um ritmo lerdo de retorno, mas a frustração por ter sido breve e o embaraço íntimo iam tomando conta deles aos poucos.
                Queimaram as gargantas com goles de café amargo evitando alguns olhares e questionamentos próprios. Chegaram ao ponto final sem saber lidar com o começo esquecido.
                Sentiram que a ligação fora um vínculo forte e rápido, mas sem volta. O abraço firme fora intenso, porém pouco para corpos frenéticos.
                Enquanto dividiam uma forte vontade calada de repetir tudo, foram calçando os sapatos, ruborizados. Lembravam do tato, do contato olfativo, do espremido entre a parede e os dois.
                O sol já comandava, de cima, a cidade. Foram se distanciando para não ceder ao desejo e deixaram-se seguir suas vidas. Ninguém sabia e nem chegaria a saber o que, como, quando, onde. Muito menos o porquê.

2 comentários:

  1. Pelo que vi, li, senti, irei beber mais alguns copos então. Assim espero.

    ResponderExcluir
  2. mais um copo por favor..pq o sol ou a lua podem comandar lá em cima..mas as incognitas vibram...me identifiquei horrores :) parabens!

    ResponderExcluir