terça-feira, 11 de março de 2014

Monólogo

- Menino, escute bem. Digamos que somos para sempre e nunca. Não é bom escolher um ponto fixo, de onde não se pode sair. A instabilidade é necessária e tem seu doce, seu encanto. É preciso que seja possível o espaço para reviravoltas. O espaço da surpresa e do susto. Que seria da vida, não fossem os percalços? Os amassos? Os erros? A vida é acre e doce. Por que não somos nós também, então? Sermos toda essa nuance, toda essa variância. Pois então. Escolho esse tal "nós", esse "dois". Só que desse jeitinho. Permitindo o embaraço. Permitindo não saber o que será. Se nunca ou se para sempre.
Ou se,
sei lá,
só hoje,
só agora,
só esse minuto,
enfim.