domingo, 11 de setembro de 2011

De vento em popa

        Impossível apagar o passado. Por mais que eu atire no lixo todos os papeis que estavam no fundo da gaveta, que jogue fora cadernos, os destrua, me livre das coisas que ele escreveu, o passado continua dentro de mim. Eu sou passado, sou produto dele. E como produto de um passado recente, sou presente me preparando para um futuro próximo. É um ciclo.
        Não posso abrir a boca pra dizer que o que vivi antes não teve pontos positivos. Digo que aprendi, e muito. Que me fez amadurecer e enxergar outras coisas, que fez com que eu fosse remoldada.
        Por mais que eu tente apagar tudo o que houve, nunca vou conseguir. Carrego na lembrança, no corpo, no que escrevi, no que disse, no que ouvi, na vida. Carrego na ponta dos dedos que seguraram firme a caneta ao despejar no papel a lama em que me chafurdava, os vícios em que me atolava.
        Agora fico leve, como o vento, fico leve. Não por total, mas bem mais leve que antes. É possível quase planar. Quase.
         Enquanto me livro, aos poucos, do peso que vinha carregando desnecessariamente nas costas, deixo levar, ir, voltar, ser, estar. Nada muito fixo ou pré-ordenado. Que seja.
        Que seja!

2 comentários:

  1. O passado sempre será a nossa sombra e que, paradoxalmente, só na sombra se revela. Lindo post. Um abraço...

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  2. Maxweel Soares

    Ai, brigada! Legal quando se identificam (ou pelo menos entendem rs) o que escrevo. Visite mais o blog! :)

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